A Comunicação Não Violenta (CNV) tem sido tema em muitas rodas de discussão atualmente. Afinal, do que se trata e como praticá-la para melhorar o relacionamento no ambiente de trabalho?
Uma organização é movida por pessoas, que naturalmente tendem a se relacionar para executar tarefas, e acabam vivenciando diariamente conflitos.
Embora conflitos sejam necessários para a evolução das pessoas, é preciso saber lidar com eles. Visto que o ser humano é programado para pré-julgar e colocar suas emoções em um diálogo, treinar o comportamento para que a comunicação não seja agressiva é fundamental.
Comunicação não violenta não é só dialogar com flores e arco-íris. É falar o que é necessário sem ferir quem está ouvindo e ouvir sem entender as palavras como insulto.
A tarefa não é tão simples, por isso, veja algumas dicas para começar a praticar a comunicação não violenta no seu ambiente de trabalho o quanto antes.
Antes de mais nada, o que é a comunicação não violenta?
Índice
O conceito surgiu na década de 60 com o psicólogo Marshall B. Rosenberg.
No livro, “Comunicação Não Violenta”, o próprio Marshall define o tema como:
“A Comunicação Não Violenta se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições adversas.”
Mais adiante, completa:
“Nossas palavras, em vez de serem reações repetitivas e automáticas, tornam-se respostas conscientes, firmemente baseadas na consciência do que estamos percebendo, sentindo e desejando.”
Em uma breve análise, Marshall direciona a conexão de pessoas e o entendimento de determinados gatilhos que possam ocasionar ações violentas.
Em resumo, a comunicação não violenta provoca uma reflexão sobre necessidades: as nossas e a dos outros, para que possamos elaborar diálogos e pensamentos mais empáticos, para evitar que conflitos tomem rumos agressivos, e melhorar os relacionamentos.
A importância da comunicação não violenta
Um dos pilares da vida perfeita é o sucesso no trabalho. Só que pouco se fala sobre a cultura empresarial que prega que o sucesso vem com foco, muito trabalho (quase sempre recheado de horas extras) e produtividade.
É mais comum que o ideal a cultura robotizada do profissional. Ao entrar na empresa, aquele indivíduo perde sentimentos e se torna uma máquina produtiva.
E é aí que mora o perigo.
Quando isso acontece, as pessoas passam a ter medo de errar. Se tornam agressivas por conta da competitividade que o sistema impõe para manter o seu cargo. Começam a apontar erros e defeitos de outras pessoas quando uma meta não é alcançada. Tornam o clima organizacional pesado e impossível de suportar.
Por isso, a comunicação não violenta busca mudar este cenário, evitando associar a recompensa com o acerto e a punição com o erro.
Ela incentiva a empatia nas atitudes e o diálogo aberto.
Os componentes da Comunicação Não Violenta
Ainda falando sobre o livro do psicólogo Marshall, ele cita quatro componentes que são a base da comunicação e como eles podem transformá-la em comunicação não violenta.
Os quatro componentes são:
Observação: talvez seja um dos itens mais difíceis de se exercitar nesta lista. Afinal, este componente fala sobre observar e entender uma determinada situação sem aplicar julgamentos precoces.
Sentimento: após observar, é preciso externar quais sentimentos aquela situação despertou. Isso torna a comunicação mais humana. Vale lembrar: deixe os julgamentos de fora desta etapa também.
Necessidades: aqui é fundamental entender qual necessidade gerou o sentimento acima. Ou seja, qual foi a comunicação inicial que gerou a situação a ser observada e despertou o sentimento? Identificar quais necessidades não foram atendidas deixa o caminho mais claro para a resolução do conflito de forma não violenta.
Pedido: por fim, após passar por todo o caminho de observação sem julgamento, despertar dos sentimentos e identificação das necessidades, o último componente vem para ligar os pontos. Sabendo dos pontos anteriores, fica mais fácil organizar a comunicação para atender as necessidades daquela situação.
Os impactos da comunicação não violenta
A prática da comunicação não violenta traz benefícios a longo prazo para a cultura organizacional, a produtividade, proporciona um ambiente saudável e melhora o relacionamento entre líderes e liderados.
Ambientes seguros
Como dissemos no início deste texto, a cultura empresarial não permite erros e recompensa apenas quem se mostra “duro na queda”. A verdade é que este modelo cria ambientes tóxicos, onde as pessoas deixam de interagir e se expor, com medo de sofrer julgamentos e retaliações.
A comunicação não violenta busca tornar estes ambientes mais saudáveis, que mostre o erro com o direcionamento para o acerto, sem julgamentos e agressividade em palavras e atitudes.
Maior produtividade
O uso do feedback servirá como motivador e engajador para as equipes. O gestor, ao invés de apenas criticar a atividade dizendo “Isso está muito ruim”, poderá observar a situação, entender o sentimento despertado e a necessidade que não foi cumprida, para enfim pedir: “Pessoa, receber este material sem todos os detalhes necessários me deixou preocupado. Preciso que confira dados e me envie com a menor quantidade de erros para encaminhar para a diretoria. Poderia revisar pra mim?”.
Esta simples atitude melhora o entendimento da necessidade, sem que haja agressão entre as partes, facilitando o trabalho futuramente.
Como aplicar a comunicação não agressiva com a minha equipe?
O trabalho é longo. A comunicação não violenta vem ganhando força nas organizações, mas deve ser praticada dia após dia, incansavelmente.
Neste momento, é válido, primeiramente, contextualizar os líderes e liderados sobre o que é a CNV. Seja através de um workshop, palestras ou campanhas internas.
Crie dinâmicas para incentivar o uso da comunicação não violenta. Propor exercícios diários é um treinamento fundamental para que seja uma prática natural.
Disponha um tempo exclusivo para dialogar com a equipe: para dar feedbacks, críticas construtivas, elogios pelo desempenho, mas sempre de forma aberta e dando voz ao colaborador, claro, falando sem agredir e ouvindo sem julgar.
Por fim, a comunicação não violenta é uma prática de inclusão e respeito dentro das organizações. É a aceitação da diversidade de pensamentos sem que isso seja motivo de ofensas, rebaixamentos e constrangimentos.
É um hábito que só a prática pode torná-lo natural.
E é um caminho que deve ser seguido por empresas que desejam aumentar o engajamento e produtividade, sem esquecer a satisfação e o lado humano dos seus colaboradores.
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